quarta-feira, 18 de maio de 2011

Raparigas de Xangai

Há muito tempo que eu recebi este livro, mas só agora tive a oportunidade de lhe pegar com vontade (andava sem grande ânimo para a leitura, mas a lista de espera aumenta e tenho de começar a acelerar). Não estava à espera de grande coisa mas a realidade é de que gostei bastante, chega a um ponto em que estamos tanto na história que tudo à volta fica esquecido.

"Ouvimos muitas vezes que as histórias das mulheres não são importantes. Afinal, que interessa o que acontece na sala, na cozinha ou no quarto? Quem quer saber de relações entre mãe, filha e irmã? A doença de um bebé, as dores e sofrimentos do parto, manter a família unida durante a guerra, na pobreza ou mesmo nas melhores alturas é considerado pequeno e insignificante em comparação com as histórias dos homens, que combatem a natureza para fazer medrar as sementeiras, que travam batalhas para garantir a segurança das suas pátrias, que lutam para olhar para dentro de si próprios em busca do homem perfeito. Dizem-nos que os homens são fortes e corajosos, mas eu penso que as mulheres são muito melhores do que os homens em capacidade de resistência, a aceitar a derrota e a suportar a agonia física e mental. Os homens da minha vida (...) enfrentaram, em maior ou menor grau essas grande batalhas masculinas, mas os seus corações - tão frágeis - mirraram, cederam, deformaram-se, corromperam-se quebraram-se ou despedaçaram-se quando confrontados com as perdas que as mulheres enfrentam todos os dias. Enquanto os homens, têm de ostentar uma fachada de coragem perante a tragédia e os obstáculos, mas são tão fáceis de ferir como as pétalas de uma flor."

Não costumo fazer transcrições tão extensas mas este é o resumo do livro, este excerto representa para mim esta história. A vida de duas mulheres, contada por uma delas, unidas pelo amor de irmãs, unidas pela dor e pelo sofrimento, mulheres que fazem parte de uma sociedade em que são tratadas como menores, inferiores e que têm de combater para lutar contra o que lhes foi imposto e com o que não estavam habituadas. Mulheres que crescem numa sociedade avançada e que pela fraqueza de uns têm de regredir no tempo, na vida, estarem sujeitas a tudo. Uma história de mulheres que decidiram viver e que tiveram de lutar muito duramente para isso.
Sobre a China e os EUA, sobre o avanço e o retrocesso, sobre a vida fácil e sobre as dificuldades, sobre o medo, sobre a vida e a morte.

Eu adorei.

Raparigas de Xangai, Lisa See, Bizâncio

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