No final do passado mês, terminei o processo de comprar casa.

Quem já passou por isso (e teve de tratar da papelada) sabe do que estou a falar quando falo de stress profundo, sou do tipo de pessoa que pensa demais, se preocupa demais e se chateia demais com as coisas.

Por isso todo este processo foi doloroso e custoso a passar, andava meio anestesiada do cansaço e da ansiedade e ainda não tinha caído em mim da grande mudança que fiz na minha vida.

Já moro em Lisboa há alguns anos mas ainda não tinha tratado de mudanças de morada em lado nenhum, durante estes últimos anos tenho vivido como "nómada" mudando muitas vezes de casa e de morada, de colegas de casa e de estilo de vida. Enfim, estava aqui mas não estava bem.

Com todo o processo da aquisição e das mudanças (feitas inteiramente por nós, não há mobílias, mas posso garantir que tralha havia muita) ainda não me tinha dado conta do grande passo que foi dado.

Já cá estamos há duas semanas e já as coisas vão aparecendo arrumadas (andava todas as manhãs à procura de uns sapatos para calçar e acabava sempre por ir de sapatilhas, que era o que encontrava, apesar de não poder ir assim calçada para o trabalho) e a calma regressa ao dia a dia (sou uma pessoa de rotinas, não gosto muito destas mudanças drásticas).

Tudo se fez mais claro na minha cabeça quando no outro dia recebi uma carta da finanças na MINHA caixa de correio. Já não recebia há anos porque quem as recebia era sempre a minha mãe.

"Bem - pensei eu - já não tenho como fugir, as Finanças sabem onde moro."

Ainda hoje não acredito como acabei por comprar cá casa, por decidir fixar raízes (apesar que se pode mudar a qualquer altura) aqui, como estou crescida e nem me dei conta do processo anestesiada pela ansiedade.

Não sei se é bom ou não mas acho que cresci (ou envelheci) e nem vi o tempo a passar. Nem sei quando foi o momento em que decidi me estabelecer aqui, agora estou mesmo na MINHA CASA, na que eu (tu também) escolhemos.